Portugal cedeu nesta quinta-feira frente à Suíça, por 3-0, na segunda jornada do Grupo I da Zona Europa-África da Fed Cup by BNP Paribas, e deixou de ter hipóteses matemáticas de ascender, em 2011, ao Grupo Mundial II da mais importante competição mundial de ténis entre selecções nacionais femininas.
O Grupo I, com 16 países participantes, está a ser organizado pela Federação Portuguesa de Ténis, na nova nave de campos cobertos do Centro Desportivo Nacional do Jamor, e termina no próximo sábado, com os "play-offs" decisivos, quer para uma eventual subida de divisão, quer para a relegação ao Grupo II.
Em contrapartida, embora a tarefa primordial de manutenção de Portugal nesta autêntica III Divisão mundial esteja cada vez mais complicada, há ainda mais duas hipóteses de consegui-lo, na sexta-feira, frente à Roménia, ou no "play-off" de sábado.
Michelle Brito-Patty Schnyder
Um dia depois de ter perdido com a Croácia, por 2-1, a selecção nacional enfrentou a Suíça, a nação cabeça-de-série da "poule" B, liderada pela antiga n.º 7 mundial, Patty Schnyder.
Num ‘court' central quase cheio, com a bancada principal a ser animada por grupos de estudantes dos ensinos básico e secundário do concelho de Oeiras, o prato forte do dia foi, sem dúvida, o embate entre a n.º 1 portuguesa, Michelle Brito, 116.ª do ‘ranking’ mundial, e Patty Schnyder, actual 44.ª e ex-semifinalista do Open da Austrália.
O contraste de estilos evidente foi favorável à veterana de 31 anos, mais experiente, calma, consistente e com um ténis mais variado em efeitos de bola e abertura de ângulos, sabendo usar o facto de ser “canhota”.
Apesar do enorme apoio que recebeu, Michelle Brito perdeu por 6-2 e 6-4, em 75 minutos, num duelo em que cometeu oito duplas-faltas, três das quais logo no primeiro jogo.
"As duplas-faltas fizeram a diferença no primeiro ‘set’. O segundo foi mais equilibrado, mas a Patty fez valer a sua experiência superior. São muitos anos a jogar Fed Cup", comentou Christiane Jolissaint, "capitã" da equipa helvética, que ficou impressionada com a jovem portuguesa, de 17 anos: "Tem uma boa batida de bola, forte, é uma lutadora, com muita garra e é pena que falhe tanto. Creio que poderia tirar mais partido do seu jogo do fundo do ‘court’ se subisse mais à rede. Mas o resultado não demonstra a qualidade do encontro".
Patty Schnyder concordou com a sua seleccionadora: "É uma jogadora com uma grande experiência competitiva para a idade jovem que tem. É evidente que tem potencial e futuro".
Um elogio destes, vindo de uma jogadora que já venceu 11 títulos do WTA Tour, não poderia deixar Michelle Larcher de Brito indiferente: "É bom que digam isso e, é claro, ajuda saber que jogadoras que conseguiram tanto como ela fazem-me esses elogios. É sinal que faço alguma coisa que lhes desperta a atenção. Sei que tenho uma garra e uma força que muitas jogadoras não têm. Nestes últimos meses, tenho apresentado níveis de confiança em baixo. Não gosto tanto da palavra crise, mas estes encontros da Fed Cup têm ajudado a recuperá-la".
No fundo, como explicou Pedro Cordeiro, a experiência de Schnyder marcou a diferença: "Sabia que iria ser difícil, apesar de a Michelle já ter derrotado jogadoras deste nível, mas a Schnyder tem 31 anos e fez o quanto baste para ganhar".
Neuza Silva-Amra Sadikovic
O desaire de Michelle Brito ditou a derrota de Portugal, dado que, no primeiro encontro de singulares do dia, Neuza Silva, a 201.ª tenista mundial, tombou diante de Amra Sadikovic (374.ª no WTA Tour), por 6-4 e 6-1, em apenas 59 minutos.
"É uma jogadora complicada para mim, porque tem um bom serviço e faz serviço-vólei. Tentei contrariar com bolas nos pés, mas ela levava a lição bem estudada e tentou não alargar os pontos. Fisicamente, também me senti mais pesada de pernas, depois dos dois encontros de hoje, o que é natural por estarmos em início de época", comentou Neuza Silva.
O seleccionador nacional, Pedro Cordeiro, foi surpreendido pelo 2-0 desfavorável a Portugal: "Pensava decidir o confronto nos pares, mas a Neuza entrou muito nervosa e depois de ter perdido o primeiro jogo em que esteve a ganhar por 40-15 bloqueou".
Christiane Jolissaint, a "capitã" da Suíça, preferiu elogiar a sua própria jogadora: "A Amra jogou muito bem. É uma tenista em nítido crescimento competitivo e tinha estado muito bem na véspera, o que a motivou para o encontro com Portugal. Mas creio que, para além disso, ela provou que é mais completa do que a Neuza e soube colocar sempre muita pressão na vossa jogadora".
Frederica Piedade e Maria João Koehler nos pares
Tal como no primeiro dia, a única esperança de um ponto de honra nacional residiu nos pares e, dado Neuza Silva e Michelle Brito manifestarem evidentes sinais de desgaste físico, Pedro Cordeiro chamou Frederica Piedade e Maria João Koehler que se estrearam enquanto equipa de duplas na Fed Cup.
As portuguesas foram uma agradável surpresa, com um jogo agressivo, baseado nos bons serviços de Koehler e na eficaz cobertura da rede de Piedade. As suíças Amra Sadikovic e Sarah Moundir acabaram por vencer por 7-5, 5-7 e 6-4, mas Portugal poderia ter ganho, já que liderou o primeiro e o terceiro "set", sempre por 4-2.
"Foi um encontro equilibrado e deixou boas indicações para o futuro", comentou o seleccionador nacional.
"Senti-me bem ao lado da Frederica, que era uma referência minha quando era miúda", disse Maria João Koehler, a actual campeã nacional, recordando-se dos tempos em que via Frederica ganhar Campeonatos Nacionais e títulos internacionais.
"A Maria João está com um ritmo elevado, tem uma motivação forte e luta em todos os pontos, o que faz com que seja fácil jogar ao lado dela", concluiu Frederica Piedade, que tem jogado pares na selecção ao lado de quase todas as “internacionais” lusas da última década.
IN FPT
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